30 março 2012

Sétima Arte Brasil: A Marvada Carne (André Klotzel, 1985)

DIREÇÃO: André Klotzel;
ANO: 1985;
GÊNEROS: Comédia;
ROTEIRO: André Klotzel e Carlos Alberto Sofredini;
BASEADO EM: ideia de André Klotzel;
PRINCIPAIS ATORES: Adilson Barros (Quim); Fernanda Torres (Carula); Dionísio Azevedo (Nhô Totó); Geny Prado (Nhá Policena); Lucélia Maquiavelli (Nhá Tomasa); Regina Casé (Mulher Diaba); Chiquinho Brandão (Malandro); Tio Celso (Preto Velho); Nelson Triunfo (Curupira); Tonico & Tinoco (Dupla Caipira); Paco Sanches (Serafim) e Henrique Lisboa (Padre).




SINOPSE: "Nhô Quim vive lá nos cafundós em companhia do cachorro e da cabra de estimação. Aquela vidinha besta no meio do mato não dá pé e ele resolve cair no mundo e procurar a solução para duas questões que o incomodam: arranjar uma boa moça para o casório e comer a tal carne de boi, um desejo que fica ruminando sem parar dentro dele. Nas suas andanças, Nhô Quim vai dar na casa de Nhô Totó, cuja filha está em conflito com Santo Antônio, que não anda colaborando para ela arranjar um bom marido. E logo Nhô Quim descobre que o pai da moça tem um boi reservado para a ocasião do casamento da filha. Será este o momento para Nhô Quim realizar seus dois maiores desejos?" (Programadora Brasil).


"Mais um filme brasileiro que retrata bem a vida do nosso povo sofrido, pobre e caipira. Enquanto 'Os Fuzis (Ruy Guerra, 1964)', comentado aqui anteriormente, retrata o povo sofrido do nordeste, este retrata o povo sofrido do interior do sudeste brasileiro. Em ambos, a cultura nacional é despejada de forma cavalar, mas aqui há uma beleza e um pudor maior nas captações culturais e populares. Vale destacar as participações especiais dos criadores da música caipira raiz, Tonico & Tinoco, além da participação mais que especial de Dionísio Azevedo. A mulher diaba interpretada por Regina Casé também merece destaque, pois mostra o quão puro e inocente eram os homens e mulheres desse interiorzão, mas convictos e desmedidos. Um dos maiores personagens do nosso folclore, o Curupira, também é representado aqui, e dele vem um moonwalker a lá Michael Jackson. Ainda aparecem outros dois personagens da nossa cultura: o preto velho e o malandro. Um enredo rico em cultura nacional, trazendo vários personagens do folclore brasileiro ao mesmo tempo que faz duras críticas ao regime econômico instalado no país, conseguindo ser divertido e interessante, graças ao profissionalismo do diretor e às grandes atuações."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Jonathan Pereira





"Um homem que mora só no fim do mundo e que deseja, mais que tudo, comer carne de boi e ter uma mulher para colorir sua vida: roteiro perfeito para uma pornochanchada brasileira ou para um grandioso drama, é o que eu esperava. Mas não encontrei isso. Apesar dos muitos prêmios ganhos no ano de seu lançamento, eu não gostei da maior parte desta obra. Com todo respeito aos realizadores, acredito que a comédia que embala o roteiro deixa este último um tanto quanto forçado ou estranho de se ver, um filme meio 'esquisito'. As atuações também não me agradaram, em geral, mas destaco as grandes participações de Fernanda Torres, Adilson Barros e Lucélia Machiaveli, enriquecendo o filme. O problema talvez seja no texto, e tudo com este sotaque caipira cômico, o que me levou a pensar neste filme com teor dramático e imaginar que assim poderia se tornar grande. A metáfora do homem em busca de seu sonho é um ótimo argumento, principalmente ensinando que se pode alcançar tudo com simplicidade e felicidade. Não posso deixar de falar da Regina Casé que aparece ao final do filme com todo seu talento para iniciar uma sequencia que salva a história toda: o encontro de Quim com o Diabo. A cena posterior, da cidade, mostrando a época de inflação e ditadura do país, também me agradou muito, pena que já estava no fim."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Kleber Godoy





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27 março 2012

Olhares Mágicos #32: Percepção Mágica

Por Jonathan Pereira

A seção Olhares Mágicos traz a cada semana 5 imagens temáticas para sua apreciação, sendo estas continentes de significados para os autores do blog, mas que podem também mexer com as percepções, ideias, vontades, gostos, etc. dos visitantes deste espaço. Sempre há aqueles que interferem no cotidiano e que nos mostra um viés, um olhar mágico sobre algo tão desapercebido, comum ou acontecido.






Se desejar ver mais imagens mágicas acesse nosso Tumblr. Até a próxima seleção Olhares Mágicos!


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20 março 2012

Olhares Mágicos #31: Chaplin, o Vagabundo

Por Kleber Godoy

A seção Olhares Mágicos traz a cada semana 5 imagens temáticas para sua apreciação, sendo estas continentes de significados para os autores do blog, mas que podem também mexer com as percepções, ideias, vontades, gostos, etc. dos visitantes deste espaço. Hoje trazemos fotos de Charlie Chaplin em seu personagem mais célebre: o vagabundo Carlitos.






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17 março 2012

1001 Fimes: As Aventuras De Robin Hood (The Adventures Of Robin Hood)

ANO: 1938;
GÊNEROS: Ação, Aventura e Para A Família;
NACIONALIDADE: EUA;
IDIOMA: inglês;
BASEADO EM: história de um mítico herói inglês;
PRINCIPAIS ATORES: Errol Flynn (Robin Hood); Olivia de Havilland (Maid Marian); Basil Rathbone (Sir Guy of Gisbourne); Claude Rains (Príncipe John); Patric Knowles (Will Scarlett); Eugene Pallette (Friar Tuck); Alan Hale (Little John); Melville Cooper (Xerife de Nottingham); Ian Hunter (Rei Ricardo Coração De Leão); Una O'Connor (Bess); Herbert Mundin (Much); Montagu Love (Bispo); Leonard Willey (Sir Essex); Robert Noble (Sir Ralf); Kenneth Hunter (Sir Mortimer).




SINOPSE: "Ricardo Coração de Leão (Ian Hunter) é o Rei da Inglaterra, e acaba sendo sequestrado ao retornar das cruzzadas. Com isso, o príncipe John (Claude Rains) quer tomar seu trono. Robin de Locksley (Errol Flynn) por não concordar com as autoridades, que humilham os pobres deixando-os desamparados, passa a agir como um for a da lei para defende-los. Roubando dos ricos para dar aos pobres, torna-se uma lenda. Acaba se apaixonando por Marian (Olivia de Havilland), prometida pelo príncipe ao arrogante Sir Guy (Basil Rathbone)." (Cinema Clássico)


"Robin Hood pode ser considerado o primeiro super-herói do cinema mundial que teve sua história contada pela sétima arte de Hollywood. A história todos já conhecemos, mas quero destacar dois pontos, um dissonante ao regime do reinado enviesado e repudiado e outro ponto que mostra ambos se parecendo. Começando pelo fato de ambas as organizações, sejam com intuitos nobres ou não, tem uma hierarquia, onde um manda e os outros obedecem. Muitas vezes essa organização pode parecer errada ou injusta, mas o filme mostra que não é, afinal, seja para reinar em absoluto sem opositores e colocar em prática tudo que trará ao Rei benefícios próprios, privando e ignorando o povo de uma vida digna e justa, e tendo ao lado aliados que só estão ali pela ocasião, e também, como Rei, com o objetivo de satisfazer seus egos e nada mais. Ou, de outro lado, um homem que luta pelos excluídos e ignorados pelo Rei, sempre colocando à frente o interesse do povo em sua lutas, batalhas e ideias, e que consegue arrebanhar outros idealizadores como eles, até formarem uma organização capaz de enfrentar este reino perverso. Em ambos os casos, há um hierarquia onde há um que manda e meia dúzia que são encarregados de passarem os mandamentos para as dezenas de subordinados. O segundo fato a se destacar é um herói que não se deixa corromper pelo encanto do poder, pela facilidade, não perde seu ideal e sua convicção em nenhum momento, enfim, um herói a moda antiga, que é correto, certo, justo, em 100% de seu tempo, um herói de verdade, que claro, não perde a oportunidade de rir, zombar e se entregar."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Jonathan Pereira





"Este colorido filme de aventura dos anos de 1930 traz um show de arte na montagem dos cenários, na música e na edição, o que o faz merecer os prêmios ganhos nestas três categorias. Além disso, gostei muito das atuações, trazendo um grande ator desta era, o Errol Flynn, com todo seu charme australiano para destoar dos demais homens do filme (e do cinema americano da época), mostrando um Robin corajoso e especial, aquele que merecera o coração da protegida do rei. A obra trouxe também muito trabalho para ser produzida, um grande orçamento para a Warner Bros cobrir e uma troca inusitada de diretores no meio do filme, por acharem que o primeiro diretor não estava se empenhando como devia, mas no fim tudo deu certo. E para quem gosta do gênero é uma excelente diversão."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Kleber Godoy





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16 março 2012

Trajetória: Johnny Depp (Parte III)

Por Kleber Godoy


Após o sucesso de 'Edward Mãos-De-Tesoura (Edward Scissorhands, Tim Burton, 1990)' Depp fez uma aparição breve naquele que deveria ser o sexto e último filme da série de Freddy Krueger, 'Pesadelo Final: A Morte De Freddy (Freddy's Dead: The Final Nightmare, Rachel Talalay, 1991)', esse filme da série 'A Nightmare On Elm Street' e é tido pelos críticos como uma das piores, senão a pior sequência da série. O filme apela para humor, com pouco terror (este filme também será comentado em detalhes em outra postagem).

Entre as participações especiais está a de Johnny Deep, que estreou no cinema no primeiro 'A Hora Do Pesadelo'. Ele aparece em um programa de TV mostrando o cérebro de um drogado, ou seja, um ovo fritando, antes de ser atingido por Freddy no rosto com uma frigideira.

É. Cuidado para não fritarem seus cérebros, crianças!



Johnny Depp completa 27 anos de vida, oito de carreira e já conta com seis filmes e uma série em seu currículo, mostrando toda sua independência e maturidade, participando de filmes segundo seu desejo e não segundo o que esperam dele. Neste sentido, personagem, roteiro e diretor são os atrativos para ele aceitar trabalhar em um filme, não o potencial financeiro da obra.

Em sua vida pessoal vemos que após três anos com Winona Ryder o relacionamento sucumbiu e parece que o motivo foi o peso da carreira de ambos e da imprensa que inventava traições, perseguia-os e os sufocava. Mas o relacionamento foi bem sucedido, apesar do seu fim, fazendo com que ele tatuasse em seu braço a expressão 'Winona Forever'. Bem, após o fim do noivado ele mudou a frase para 'Wino Forever', o que significa 'bêbado para sempre'. Sugestivo?


Neste sentido parece que Depp viu em seus trabalhos em filmes independentes uma forma de conjugar prazer e distanciamento dos holofotes que tanto o incomodavam desde sempre. Para fugir dos paparazzis abriu sua própria casa noturna, a The Viper Room, um lugar privado, pequeno e descolado, com boa música onde poderia se divertir.


Em 1992 parece que Depp trabalhou bastante, estreando em 1993 não somente um, mas três filmes. Em 'Benny & Joon: Corações Em Conflito (Benny & Joon, Jeremiah S. Chechik, 1993)', Depp representa Sam, um rapaz excêntrico que vive imitando Charlie Chaplin e vive de forma totalmente descontraída, que por acasos do destino vai morar na casa do mecânico Benny (Aidan Quinn). Nesta casa ele encontra Joon (Mary Stuart Masterson), irmã de Benny, que tem deficiência mental, se apaixonando por ela. Este filme é dramático pela história da família de Benny e pela deficiência de Joon, mas a partir do encontro dos dois jovens apaixonados, nos deparamos com uma história de amor e superação de tirar o fôlego. O filme ainda conta com Julianne Moore no elenco em um de seus primeiros filmes.





Uma obra de arte que rende drama, comédia e romance, tendo boa repercussão, rendendo a Depp a indicação de melhor ator no Globo De Ouro e de melhor comediante no MTV Movie Awards, assim como de Melhor Dupla para ele e Mary Stuart Masterson no mesmo evento.

Outro filme estrelado por Depp foi 'Gilbert Grape: Aprendiz De Sonhador (What's Eating Gilbert Grape, Lasse Hallström, 1993). Gilbert (Depp) é um adolescente de uma pequena cidade do interior e sustenta a família desde a morte do pai. Nesta família encontramos além do personagem de Depp, três irmãs excêntricas e o irmão deficiente mental Arnie, representado por Leonardo DiCaprio, além de uma mãe obesa, que não parava de comer desde a morte do marido, vivendo de forma deprimente dentro da casa, cada vez maior.


Leonardo DiCaprio mostra, ainda muito jovem, com este papel, um talento esplêndido. A atuação de Depp é muito boa e essencial ao filme, mas a cada aparição de Arnie os olhos de quem curte cinema brilham de tanto prazer, causa arrepios. Darlene Cates, a mãe da família, parece que só teve este papel no cinema e continuou a vida com seu drama real de obesidade mórbida.

No elenco também encontramos outros grandes talentos: Juliette Lewis, Laura Harrington, Mary Kate Schellhardt, Kevin Tighe, John C. Reilly e Crispin Glover. E uma curiosidade do filme é que Johnny Depp, em uma cena, teve que agredir o seu irmão deficiente mental, sendo que isso lhe causou enorme culpa, o que o fez ficar se desculpando com o ator Leonardo DiCaprio até o final das filmagens. No mais, quanto a prêmios, DiCaprio foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e ao Globo De Ouro na mesma categoria. Na premiação do Chicago Film Critics Association Awards ele venceu na categoria de Ator Mais Promissor. Depp e os demais talentos do filme foram ignorados pelos eventos, assim como o filme em si.




O drama vivido pela família Grape dá margem à muitas reflexões existenciais e acredito ser um dos filmes essenciais para se pensar a família e a interligação entre seus integrantes através do tempo, a história que constroem, consciente e inconscientemente. Depp, nesta época estava melancólico e lembrando muito de sua família, já que a configuração familiar do filme, excluída e cheia de angustias, o remexeram por dentro. Foi uma época em que ele bebia muito e praticava de forma desmedida a autodestruição. Porém, alertado pela família e por verdadeiros amigos, retomou o caminho rumo à vida.




Em seguida assistimos a Depp em 'Arizona Dream: Um Sonho Americano (Arizona Dream, Emir Kusturica, 1993). Neste filme ele interpreta Axel Blackmar, um rapaz apaixonado por peixes, que se mudar de Nova Iorque para o Arizona, para cuidar dos negócios da família, a pedido do tio, Leo Sweetie (Jerry Lewis), que iria se casar. Assim, vemos um rapaz deslocado, mas que também encontra aventura em sua nova vida ao conhecer duas estranhas mulheres, a viúva quarentona Elaine (Faye Dunaway) e sua enteada, Grace (Lili Taylor). Ele se envolve emocionalmente com uma delas, enquanto a outra, rica porém depressiva, toca músicas no acordeão. Axel sonha com peixes voadores e aventuras no Alasca, Elaine sonha em construir uma máquina voadora, e Grace em se tornar uma tartaruga. Há roteiro mais criativo que este?




Os três personagens e seus sonhos interagem com a realidade e fazem desta história um filme surreal, misturando o real e o imaginário e emocionando tanto nos momentos de calmaria quanto nas crises de relacionamento entre este trio, que envolve amor, ódio, ciúmes, comédia e trajédia sendo que cada ingrediente é altamente bem dosado. Jerry Lewis, agora obeso e bem diferente daquele do início de sua carreira, abrilhanta o filme com seu talento ímpar. Enfim, foi mais um filme deixado de lado pelas premiações principais, apesar de todo brilhantismo de roteiro e produção, mas conquistou algo muito importante, que foi o Prêmio Especial Do Júri do Festival De Berlim.



Podemos concluir que este período da vida de Depp, que continua a seguir da mesma forma, se configura com filmes de baixo orçamento e, consequentemente, pouca bilheteria e publicidade, mas com personagens imensamente profundos, histórias que deixam aprendizados para a vida e profissionais que, apesar de não serem conhecidos à época, estavam ali mostrando todo seu talento. Depp sempre soube muito bem com quem se envolver.

Ah, lembram do barzinho que Johnny abriu para se divertir? Então, em 1993 tocava em uma noite com o baixista do Red Chilli Pepers e estava presente, bebendo e curtindo a noite, o ator River Phoenix, seu amigo, que cambaleou até a rua, perdeu a consciência e morreu de overdose por drogas. Neste momento a casa foi fechada por Depp por duas semanas, em luto ao amigo. A imprensa não deixou barato, é claro, caindo em cima de Depp. Ele respondeu calmamente falando do quanto a família precisava descansar por seu ente querido morto. Até 2000, Depp ainda era sócio da casa, mas após muitos problemas e um processo contra ele, movido por seu sócio, vendeu sua parte e não é mais o dono do empreendimento.


Bem, por enquanto é isso, a quarta parte desta brilhante história será postada em breve. Até lá! Leia também as outras partes já publicadas desta trajetória: primeira e segunda.


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