No começo do ano, na Suíça, cerca de vinte pessoas de diferentes campos do conhecimento se reuniram durante o workshop 'Lift Conference' para discutirem sobre cinema, mais especificamente sobre a distribuição de filmes e conteúdos de TV pela internet, onde os profissionais e empresas que trabalharam para a produção desses produtos culturais pudessem receber justamente por seus resultados, mas também, que os espectadores que baixam e assistem tais conteúdos da internet de graça, quisessem pagar por eles, mostrando assim uma relação harmoniosa em que ambos não se sentissem lesados ou injustiçados.
Então foi pensando cinco pontos centrais para que essa situação pudesse ser colocada em discussão e que se o filme, conteúdo de TV, etc. contemplasse esses cinco pontos, os downloads ilegais de filmes estariam com seus dias contados. Pierre Spring e Jordi Boggiano criaram o site 'Não Me Faça Roubar', no qual é possível qualquer pessoa que concorde com a causa possa apoiá-la efetivamente ao se comprometerem a não baixar determinado filme, caso ele respeite os cinco critérios descritos abaixo. Seguem:
1) PREÇO: que o modelo do preço do filme seja simples e transparente, não havendo relação direta com a época de lançamento do filme; além disso, se você quiser alugar um filme o valor não poderá exceder 1/3 do valor pago no cinema; caso queria comprar o filme, o valor não pode exceder o preço do cinema; no caso de conteúdo de TV, os preços não devem exceder 1/3 dos cobrados para locação/compra dos filmes; em qualquer caso, os valores pagos são referentes ao conteúdo, e não à velocidade de download deste e a taxa fixa não deve exceder 3 idas ao cinema;
2) IDIOMAS: os filmes deverão contemplar todos os idiomas onde serão distribuídos; deverão estar disponíveis no mesmo momento do download; e deverá ser permitida a fãs autorizados criar e compartilhar legendas de qualquer conteúdo;
3) CONVENIÊNCIA: os conteúdos comprados deverão estar disponíveis imediatamente, sem anúncio ou avisos de infrações; e deverão ser indexados por ano, diretor, idioma, país, gênero, etc. facilitando sua busca e localização;
4) LANÇAMENTO: a data de lançamento deverá ser mundial, não havendo qualquer restrição ou limite a regiões, além de ser possível baixar qualquer filme já feito;
5) DIREITOS: os filmes poderão ser assistidos em qualquer dispositivo, sem diferença em como o filme é apresentado, uma vez que estarão livres de direitos de reprodução (sem DRM, ou afins) no caso dos filmes comprados, sendo que esses conteúdos não estarão vinculados aos prestadores de serviço; os direitos serão claros sobre os filmes alugados, comprados ou assistidos online a uma taxa fixa.
Com certeza qualquer iniciativa que pense em ambos os lados e que seja efetivamente difundida e defendida de forma clara, responsável e profissional, deve ser reconhecida e acatada, e como ainda é uma proposta, deverá ser debatida e estar aberta a melhorias e modificações que sejam pertinentes.
A proposta carece de clareza quanto aos 'conteúdos de TV'. Quando se fala de filme a situação fica clara e não há dúvida do que estamos falando, mas quando falamos em conteúdos de TV, a dúvida surge, uma vez que podemos entender que tudo que se passa na TV é 'conteúdo de TV', e será que é tudo isso que está envolvido nesse escopo? Ou não, são apenas conteúdos determinados, como séries, que estão englobadas aqui. Por que dependendo da abrangência desses conteúdos, pode-se ou não ser justo o valor proposto a ser pago por eles, seja do lado do produtor ou do comprador.
O preço, para nós que somos apreciadores de cinema é ótimo e com certeza muito justo, mas esse valor foi concebido com base no que? Apenas nas necessidades dos consumidores ou também foram ouvidas as empresas e profissionais que trabalham na área? E os custos para a produção desses filmes e conteúdos, seria recompensado com esse valor proposto? São questões que também não ficaram claras, se esse olhar é partilhado por ambos os lados de maneira equivalente, ou algum dos lados, no caso dos consumidores, tiveram maior peso na definição da proposta.
Ainda relacionado ao preço, quando é colocado como ponto de referência o 'preço do cinema', fica uma dúvida se esse preço refere-se ao valor pago no ingresso para o cinema do mesmo filme que estamos baixando ou se é o preço de qualquer ticket de qualquer filme que estiver em cartaz no momento do download do filme. Mas nesse caso, há variações de preços por: tipo de filme, dias, tipo de entrada, etc. e então qual seria o 'preço do cinema'?
Mas os lados positivos e indiscutíveis são claros e precisam ser revistos mesmo. Um bom exemplo é o idioma: como podemos vender um produto cultural, e no caso um produto auditivo e visual, sendo que ele não fala ou não escreve em nossa língua? Isso é um absurdo! Até por que se não há legenda ou dublagem na língua que compreendemos, e a grande maioria das pessoas só entendem sua língua nata, como essa pessoa poderá ter acesso a essa forma de cultura, ou a esse item da cultura.
Agora pensando como empresa, contratar alguém que fale árabe para legendar o filme para o árabe, terá um custo irrisório, uma vez que o público alvo aumentaria consideravelmente, e consequentemente, a possibilidade de venda desse filme também.
Como dissemos, é um projeto sério e que tem mais acertos do que equívocos, e por isso concordamos com eles e o apoiamos, mesmo com a necessidade de passar por algumas revisões, como pontuamos. E você, o que você acha que deve ser feito para que os internautas passem de downloaders ilegais na internet para usuários que pagam por downloads destes itens produzidos pela cultura mundial com fácil acesso, comodidade e, acima de tudo, respeitando os direitos daqueles que trabalham para que estas obras existam?
Para entender a dinâmica do 'O Teatro Da Vida' visite a página sobre o blog.
É um assunto bastante complicado.
ResponderExcluirbRu.
Muito complicado, como você disse, principalmente pra tv, com zilhôs de episódios e cujkos direitos variam muito em cada país. Acho uma solução muito difícil.
ResponderExcluirOperação realmente difícil de equacionar. Eu em minha posição, só consigo pensar naquela conhecida assalariada que pode ver "Doutor Givago" comprado em um banquinha de DVDs piratas. Ela não tem computador, ganha quase que o suficiente para alimentar a si e aos filhos e nunca vai ao cinema. Para ela o filme foi uma experiência ímpar. Se eu fosse profissional do cinema talvez não me enfileirasse ao lado desses alijados que não tinham acesso ao cinema antes da pirataria.
ResponderExcluirSe eu fosse....
Abraço meus queridos
pirataria é como as drogas, eles da um jeito e continua, as escondidas. na minha cidade é proibido vender, mais sempre tem alguem ti oferecendo, e as autoridades so pega se houver denuncia.
ResponderExcluirimaginem quererem proibir alguém de compartilhar arquivos via pen drive ou cd. Imaginem alguém proibir alguém de dar um livro a alguém. A internet é uma forma de compartilhar coisas. E os sebos, vão fechar? A questão é muito complexa, essa de "pirataria". A pirataria não está só na internet, está nas ruas, com camelôs vendendo filmes. Enfim, a coisa é muito complexa. Sinceramente não sei a solução para acabar com a "pirataria". O comentario da ana aparecida tem alguma razão.
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