05 abril 2011

1001 Filmes: Dona Flor E Seus Dois Maridos (Dona Flor E Seus Dois Maridos)

DIREÇÃO: Bruno Barreto;
ANO: 1976;
GÊNEROS: Erótico, Comédia e Romance;
NACIONALIDADE: Brasil;
IDIOMA: português;
ROTEIRO: Bruno Barreto, Eduardo Coutinho e Lepoldo Serran;
BASEADO EM: livro homônimo de Jorge Amado;
PRINCIPAIS ATORES: Sônia Braga (Dona Flor); José Wilker (Vadinho); Mauro Mendonça (Dr. Teodoro Madureira); Dinorah Brillanti (Rozilda); Nelson Xavier (Mirandão, amigo de Vadinho); Arthur Costa Filho (Carlinhos, o guitarrista); Rui Resende (Cazuza, o bêbado); Mário Gusmão (Arigof) e; Nelson Dantas (Clodoaldo, o poeta).




SINOPSE: "O filme, que levou mais de 12 milhões de espectadores aos cinemas, é baseado no livro de Jorge Amado e ambientado nos anos 40, em Salvador. A professora de culinária Dona Flor é casada com Vadinho, um desocupado, mulherengo, viciado em jogo e álcool. Vadinho morre de enfarte durante o Carnaval e, algum tempo depois, Flor casa-se com o farmacêutico Teodoro, um homem metódico e conservador. A vida sexual de Flor e Teodoro, sem maiores emoções, leva-a suspirar pelo primeiro marido, que passa a aparecer sob a forma de um fantasma." (Ver Filmes Online).



"O primeiro filme brasileiro da nossa jornada é realmente um filme brasileiro, retratando nossa cultura, costumes, folclore, história, etc. O primeiro grande momento do filme é a escolha perfeita da trilha sonora, mais especificamente a respeito da música 'O Que Será' de Chico Buarque, interpretada de forma vibrante e emocionante pela Cigarra, também conhecida como Simone. O Filme em si, começa mostrando uma das marcas registradas do Brasil até hoje: o carnaval. Mas a retratação da vida dos anos 70 aparece também através de cenas que representam claramente o aspectos do costume brasileiro, que ainda hoje, são encontrados: o velório em casa; as vizinhas fofoqueiras falando da vida alheia; a parede pintada de cal; e também retrata, como não poderia deixar de ser, a beleza da mulher brasileira, a culinária baiana, com direito a uma boa receita de um típico prato brasileiro: moqueca de siri mole. Mas o filme também traz o lado ruim da cultura brasileira, como o típico malandro, aqui chamado de Vadinho, e com uma interpretação impecável de José Wilker retratando aquele homem vagabundo, viciado em jogatina e bebida, cortejador de mulheres, mas que também não tem o menor respeito por elas, com sua lábia afiada, com a qual consegue até ludibriar o representante de Deus na Terra (o padre local), que acha que 'a vadiagem é coisa de Deus', enfim, que vive para a luxúria e para os vícios. Nessa época o cinema brasileiro era conhecido como pornochanchada, por trazer filmes com enredos muito pobres e com altas doses de erotismo, chegando até a serem considerados pornográficos, e talvez, Dona Flor seja o melhor, mais conhecido e difundido filme do gênero, afinal, só no Brasil, mais de 12 milhões de pessoas o assistiram no cinema, sendo o segundo filme nacional mais assistido no país até hoje. Durante décadas esse foi o ícone do cinema nacional, servindo de inspirarão para uma refilmagem, nos EUA em 1982, chamada 'Meu Adorável Fantasma' ('Kiss Me Goodbye')."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Jonathan Pereira





"Chico Buarque, Simone, Jorge Amado, José Wilker, Sônia Braga, Mauro Mendonça (e sua extensa lista de trabalhos para a TV) e orquestração de Bruno Barreto (com seus 20 anos) só poderia dar em uma boa ópera. Este filme é ambientado em uma época de ouro do cinema brasileiro, na qual muito da imaginação dos artistas podiam virar cena nas telonas desprezando o pudor e a opinião casta alheia. Foi uma época de liberdade para deixar a mostra toda sensualidade que o povo brasileiro tem em seu DNA. A história de Jorge Amado mostra um conto de amor de forma livre e sem pudores, apesar da donzela da história tentar seguir as normas politicamente corretas. Penso que este enredo é muito atual, parecer que as pessoas se sentem cada vez mais sozinhas e necessitam de cada vez mais parceiros para alcançarem a satisfação de suas carências, assim como Flor, tendo o amparo estável de um de seus companheiros e o toque libidinoso do outro - os dois a completam. Vale dizer que isso também se faz ilusão, já que mesmo dois parceiros não chegam a completar uma pessoa se partirmos do pressuposto de que somos, desde sempre (e para sempre), incompletos, faltosos. Mas os desejos, se não podem ser satisfeitos, podem receber aplacamentos e, no caso de Flor, não ficou abandonada. Agora, se um retrato social está sendo pintado com a queda da monogamia (e a ascenção da bissexualidade) como tendência, não podemos criticar já que este processo se faz fruto desta vivência da qual todos fazemos parte. Evolução? Declínio? Adaptação? Melhor perguntar do que responder. Resumindo, ótimo assistir filmes nacionais que nos fazem refletir assim sobre a vivência contemporânea pós-moderna. E, por último, gostaria de acrescentar que, para mim, José Wilker é um dos 'artistas' mais completos que temos neste país: alguém que realmente incorpora os seus personagens, fazendo deles sua vida; leva a profissão a sério e às últimas consequências; artista no sentido de se moldar a diversas estruturas de arte e, no caso do cinema, podendo ocupar cargos como o de crítico, já que sua filmografia é extensa e intensa o bastante para poder falar com bons critérios sobre a sétima arte. Talvez, pensando agora, o Brasil não dê a este seu filho cearense o valor que realmente tem, mas ele ainda é jovem e tem um caminho de presentes valiosos para nós."

(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Kleber Godoy





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1 comentários:

  1. O tempo foi cruel com esta comédia brasileira. Mas, de fato é uma obra prima nacional.

    Abs.
    RODRIGO

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