Por Kleber Godoy
Nesta seção, como já destacamos no post explicativo sobre seus objetivos, o assunto é sério: saúde. Um tema abrangente, que envolve diversas ciências e, principalmente, a vida de cada um de nós. Assim, buscando criar um espaço para pensar o que podemos fazer para contribuir neste quesito, trazemos hoje um estudo realizado pelo Conselho Nacional de Justiça fazendo um interessante paralelo entre drogadição e criminalidade entre os jovens no Brasil, mostrando que uma coisa leva à outra. Segue a reportagem completa, e abaixo minhas reflexões sobre esta questão tão urgente que é a disseminação de álcool e drogas entre os jovens.
75% DOS JOVENS INFRATORES NO BRASIL SÃO USUÁRIOS DE DROGAS, APONTA CNJ
Roubo foi causa de 36% das internações pelo país, segundo estudo. Relatório sobre medidas socioeducativas foi divulgado nesta terça (10).
Dos adolescentes internados em cumprimento de medidas socioeducativas no Brasil, 75% são usuários de entorpecentes. O dado foi apresentado nesta terça-feira (10) em um relatório divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A pesquisa “Panorama Nacional, a Execução das Medidas Socioeducativas de Internação” foi realizada pelo Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (DMF) e pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ). O levantamento foi realizado por uma equipe multidisciplinar que visitou, de julho de 2010 a outubro de 2011, os 320 estabelecimentos de internação existentes no Brasil, para analisar as condições de internação de 17.502 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de restrição de liberdade. Durante estas visitas, a equipe entrevistou 1.898 adolescentes internos.
Dos jovens entrevistados, 74,8% faziam uso de drogas ilícitas, sendo o percentual ainda mais expressivo na Região Centro-Oeste, onde 80,3% dos adolescentes afirmam ser usuários de drogas. Em seguida está a Região Sudeste, com 77,5% de usuários.
Dos jovens entrevistados, 74,8% faziam uso de drogas ilícitas, sendo o percentual ainda mais expressivo na Região Centro-Oeste, onde 80,3% dos adolescentes afirmam ser usuários de drogas. Em seguida está a Região Sudeste, com 77,5% de usuários.
Ainda segundo o estudo, o crime de homicídio foi bastante expressivo em todas as regiões do país, com exceção do Sudeste, onde o delito corresponde a 7% do total. Nas regiões Norte, Centro-Oeste, Nordeste e Sul os percentuais de homicídio como motivo da atual internação dos jovens correspondem, respectivamente, a 28%, 21%, 20% e 20%.
O estudo divulgado nesta terça aponta o roubo também como principal motivo de internação entre os adolescentes reincidentes. O levantamento constata, porém, que a ocorrência de homicídio na reiteração da prática infracional foi aproximadamente três vezes superior à primeira internação, aumentando de 3% para 10% dos casos em âmbito nacional.
Entre os adolescentes entrevistados em cumprimento de medida de internação, 43,3% já haviam sido internados ao menos uma outra vez, segundo adiantou o Jornal O Globo na segunda-feira (9). Nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, 54% e 45,7% dos jovens, respectivamente, são reincidentes; nas demais regiões o índice de reincidência entre os entrevistados varia entre 38,4% e 44,9%. Há registros de reincidência em 54% dos 14.613 processos analisados no território nacional.
PERFIL DO ADOLESCENTE INFRATOR
De acordo com a pesquisa divulgada pelo CNJ, a idade média dos adolescentes entrevistados é de 16,7 anos. O maior percentual de internados observados pela pesquisa tem 16 anos, com índices acima dos 30% em todas as regiões do país. O estudo aponta ainda que a maioria dos adolescentes cometeu o primeiro ato infracional entre 15 e 17 anos (47,5%). Considerando-se o período máximo de internação, o estudo revela que boa parte dos jovens infratores alcança a maioridade civil e penal durante o cumprimento da medida.
Quanto à escolaridade, 57% dos jovens declararam que não frequentavam a escola antes da internação. Entre os entrevistados, apenas 8% afirmaram ser analfabetos. Ainda assim, a última série cursada por 86% dos jovens pertencia ao ensino fundamental.
No que diz respeito às relações familiares, o estudo aponta que 14% dos jovens entrevistados têm filhos. Do total de adolescentes ouvidos no levantamento, 43% foram criados apenas pela mãe, 4% pelo pai sem a presença da mãe, 38% foram criados por ambos e 17% foram criados pelos avós.
Entre os aspectos comuns à maioria dos entrevistados, de acordo com a pesquisa, estão a criação em famílias desestruturadas, a defasagem escolar e a relação estreita com entorpecentes.
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"A droga não leva somente à devastação familiar, mas também ao crime, um problema que extrapola o âmbito familiar e bate à porta de cada um de nós. Roubo e homicídio são duas das atividades mais praticadas por estes jovens e colocam a cada um de nós na mira do crime. Outra grande preocupação que vejo neste caso é que o jovem é internado, cumpre sua pena e volta para as ruas para continuar a trajetória no crime, sendo que o fim para grande parte deles, como sabemos, não é somente uma nova internação, mas a morte. De qualquer forma, se há reincidência em grande parte dos casos, significa que existe ai algo da qual a sociedade e o poder público não dá mais conta, como um rio que transborda sem parar. Sei que a questão da drogadição envolve muitos fatores psíquicos, uma busca de prazer sem limites que coloca a sociedade e seus problemas na mais completa nudez, afinal de contas, se há busca desenfreada por prazer sem limites de grande parte da juventude é porque algo falta a ela, uma insatisfação que grita e ecoa para todos os lados. O estudo aponta como aspectos que podem ter premeditado esta situação: famílias desestruturadas, defasagem escolar e relação estreita com entorpecentes. Será mesmo que estes pontos são preditivos de crime e drogadição? E quais outros aspectos podem ser preditivos? Este questionamento deve estar na base das políticas de saúde, pois só se começa a resolver um problema quando se faz um levantamento de suas causas, estabelece-se um panorama de fatores de previsão e, neste ponto, executa-se um plano de ação. Nem tudo é tão linear e certinho assim, mas temos que começar de algum ponto, algum ponto relevante para a prevenção de catástrofes e promoção da saúde. Neste sentido, investimentos em construção de cada vez mais internatos e presídios não é ideal. Vamos praticar o senso crítico no cotidiano?"
Kleber Godoy*
Nunca tive problemas com droga. Só com a polícia. (Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones)
Esperamos, nas próximas postagens sobre este tema, trazer soluções e projetos que minimizem esta situação desesperadora em nossa realidade atual. Até lá... ficam estas questões e reflexões, quem sabe, motivando pessoas a criarem alternativas e práticas neste sentido.
Para entender a dinâmica do 'O Teatro Da Vida' visite a página sobre o blog.
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Kleber Godoy é graduado em Psicologia pela Universidade São Francisco e pós-graduando em Acupuntura Tradicional Chinesa pela Faculdade Einstein. Atualmente trabalha com psicoterapia psicanalítica, psicoterapia de grupo e orientação profissional nas cidades de Piracaia e Campinas, em São Paulo. Entre em contato pelo correio eletrônico: kleberxgodoy@gmail.com
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