DIREÇÃO: Michael Haneke;
ANO: 2009;
GÊNEROS: Drama, Suspense;
NACIONALIDADE: Alemanha, França, Áustria e Itália;
IDIOMA: Alemão;
ROTEIRO: Michael Haneke;
BASEADO EM: ideia de Michael Haneke;
PRINCIPAIS ATORES: Ernst Jacobi (Narrador e Professor Da Escola); Leonie Benesch (Eva); Christian Friedel (Professor Da Escola); Burghart Klaussner (Pastor); Ulrich Tukur (Barão); Ursina Lardi (Baronesa); Fion Mutert (Sigi); Maria-Victoria Dragus (Klara, filha mais velha do pastor); Leonard Proxauf (Martin, filho mais velho do pastor); Steffi Kuhnert (Ana, esposa do pastor); Rainer Bock (Doutor); Susanne Lothar (A Parteira); Branko Samarovski (Agricultor) e Michael Kranz (Tutor de Sigmund).
SINOPSE: "Um vilarejo protestante no norte da Alemanha, em 1913, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. A história de crianças e adolescentes de um coral dirigido pelo professor primário do vilarejo e suas famílias: o barão, o reitor, o pastor, o médico, a parteira, os camponeses. Estranhos acidentes começam a acontecer e tomam aos poucos o caráter de um ritual punitivo. O que se esconde por trás desses acontecimentos?" (Cinema10).
"Um filme bastante complexo, que precisamos avaliar com dois olhares e de formas distintas, para assim depois juntá-los e formarmos o todo. O primeiro olhar deve se reter ao técnico-cinematográfico, ou seja, ao lado bom do filme. A começar pelo fato de um filme de 2009 ser filmado em preto e branco, ajudando agradavelmente a inserção no contexto proposto pelo diretor, caso contrário, não seria tão perturbador e melancólico como deveria ser. Também nos é apresentando um fotografia espetacular, cuidadosa, minuciosa e bela. As atuações, ora doce como do professor, ora severa e seca como do pastor ou ora ressentida e triste como do menino, merecem também nossa nota máxima e nos faz assistir ao filme com muita atenção, perplexo e contestado pelo enredo, de quem é e do por que aqueles acontecimentos sombrios acontecem. Um filme perfeito tecnicamente. Porém, o segundo olhar chega quando precisamos abordar o roteiro do filme. Eu nunca gostei de filmes com finais abertos, que eu costumo chamar, de filmes sem final, onde as resoluções que deveriam vir a tona de forma clara, tão claro como o nome do filme, por exemplo, fica por conta dos indícios, das deixas, do desenrolar do enredo, da reflexão, muito particular de cada um, dando um final imaginário para cada espectador. Mas nesse caso, o filme sem final, além de me desagradar por si só, se fazia necessário ter um fim pela proposta inovadora de enredo fictício feito pelo diretor e roteirista. O roteiro, olhando aqui com o primeiro olhar proposto acima, é perfeito até os cinco minutos finais, onde alguém deveria subir ao altar e declarar quem fez tudo aquilo e, talvez, explicar o por que, mas o diretor prefere ir esvaindo o filme ao seu final. Mas como um belo representante da sétima arte, de roteiro original, cairia apenas no meu descontentamento com filmes sem finais, apenas como outros que já passaram por aqui, e que merecem nosso destaque principalmente por tratar de um assunto tão dolorido de forma tão diferente nas telonas. O autor, ao coincidir o final do filme com o início das 'Grandes Guerras' e por toda história apresentada, nos faz entender que aquelas crianças seriam os algozes da humanidade anos depois, e que aquela vila fora o berço e a criação dos ideais e doutrinas do Nazismo. O mérito histórico, cultural, político e econômico que tal tentativa de afirmação é feita são simplórias e talvez, verdadeiras ou não, mas são, antes de mais nada, sugestões, e jamais afirmações. Dizer que os punhos de ferro alemães de pais autoritários cultivaram tais sentimentos em seus filhos, a ponto de se tornarem tais quais Hitler e seus seguidores, é um preconceito e uma segregação injusta com o povo alemão, pois o que aquelas famílias retratadas no filme difeririam de famílias da mesma época vividas na Itália, França, Brasil, etc.? Estereotipar os alemães como os culpados pelo nazismo, simplesmente pelo rigor e austeridade na educação e relação familiar, é tão grave quanto o próprio Nazismo. Por isso, por ele ter proposto um enredo tão diferente e inovador, para tentar explicar o pior momento vivido da humanidade é válido como tentativa, mas é falho como explicação, pois falta justamente a explicação a que ele se propôs durante todo o filme."
(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Jonathan Pereira
"Comentar este filme não é fácil levando-se em conta dois aspectos a serem analisados: primeiro, acerca do argumento do enredo e, segundo, acerca da obra de ficção. Assim, quanto ao primeiro ponto, a obra é altamente persuasiva para nos fazer convencer de sua filosofia, a qual explica a origem do nazismo (ou a origem de todo o mal, como diz Michael Haneke). Assim, a igreja repressora e a educação familiar rígida administrada pelos alemães a seus filhos levou ao nazismo. Não há dúvida de que aspectos como família e religião interferem na formação da psique dos indivíduos, mas a afirmação trazida pelo filme de Haneke se faz simplista, já que há diversos outros aspectos da sociedade alemã (e das sociedades) que não são levados em conta para que este argumento se sustente com fortes pilares. Assim, se recorrermos à psicanálise e à sociologia (com o expoente Zigmunt Baunan), podemos pensar além dos aspectos do enredo de 'A Fita Branca'. Porém, acho válido o tema ter sido colocado em pauta para reflexão das sociedades acerca do modo e de como conduzem o desenvolvimento de seus filhos. Logo, o argumento pode ser pensado além da sedução do que é visto na tela, deixando uma brecha para que a obra ficcional seja mais interessante, pensada à parte. Neste aspecto, o filme é artisticamente um dos mais lindos que já vi, com suas imagens em preto e branco dos anos 2000, atuações naturais e espontâneas, diálogos perfeitos e breves, focos de câmera que nos coloca como testemunhas da trama bem próximos aos personagens. Ou seja, tudo para ser uma obra PERFEITA. Porém, um ponto me decepcionou: todo o filme coloca alta expectativa para se descobrir o mistério daquela comunidade (quem é o autor do crimes), mas cai em um final aberto. Finais assim não tendem a me incomodar, mas este sim, visto que uma frase ao final fecharia a história e me livraria do peso de julgar segundo meus critérios pessoais, dando o meu desfecho à história. O diretor, depois esclareceu o mistério, mas me pergunto o porque não colocar isto no filme. Penso que ele quis deixar este contraponto de reflexão que um final aberto traz, fazendo o espectador pensar sobre o tema, mas se o argumento do filme já foi desfalcado, a obra de ficção ficaria muito mais interessante com um desfecho pontual. Bem, deixo de falar sobre este aspecto por aqui, pois já me sinto mal em colocar tantos dedos na obra de um grande cineasta como Haneke. E concluindo, para psicólogos/psicanalistas, ter contato com este filme é de grande riqueza interpretativa em suas cenas e em seus diálogos, levando em conta a estruturação das sociedades e das famílias e o alto peso que a religião impõe à algumas culturas, não deixando espaço para que a pessoa humana desabroche em sua essência individual. Analisar o Pai da sociedade (no sentido de Jacques Lacan, como aquele que representa o interdito dos desejos), através do filme, me fez pensar em como a sociedade mostrada pelo filme é altamente interditada, e compreendo assim (talvez), a origem das pornochanchadas brasileiras já que nosso país carece de Pai."
(1: Ruim; 2: Regular; 3: Bom; 4: Ótimo; 5: Excelente)
Kleber Godoy
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